sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sede

                   

 

 

 

 

 

Às vezes prefiro me calar diante de você e apenas olhar como quem olha quadros em um Museu de Artes, percebendo cada detalhe da tua face e dos teus gestos. Ou então me calo e penso nas mil coisas que queria dizer, até que você pergunta:

O que você está pensando?
Eu olho por alguns segundos, tudo que passa na minha cabeça é que eu queria muito estar com você, que tudo em você é lindo, que eu fico hipnotizada quando você sorri e que até tento fazer meus olhos piscarem junto com os teus. São tantos “que”... São tantos motivos pra me sentir desconsertada com tua presença. Formulo em minha cabeça respostas que não conseguiria dar – aliás, conseguiria, mas como eu disse, às vezes prefiro me calar – e continuo a olhar: Eu não sei se sei amar direito, eu não sei se é possível tal coisa em tal proporção, só sei que gosto dos teus olhos apertados e cheios de palavras, gosto da tua boca que me cala sem tocar, do teu cabelo caído em volta do pescoço, de como você morde os lábios de leve quando os sente secos.
Nada, só estou te olhando – seguido de um sorriso sem graça, não tão branco.
Você sorri pra mim, com olhos de amor, com olhos de quem só quer fazer bem a mim, com aqueles olhos que refletem o que eu sinto sem poder entregar. Então por alguns segundos – minutos, talvez – eu tenho a mais pura certeza de que passei em teu pensamento como algo mais, com mais cor, com mais vida... E ainda sim que eu me sinta cinza, você me diz:
Você não é cinza, você é amarelo!
Até me convence por alguns instantes, mas eu não sou uma cor tão vibrante e alegre assim. Nos meus olhos, digo. Nos teus... Já nos teus olhos que fumam minhas palavras como um cigarro inacabável, que degustam como o vinho mais antigo e puro... Eu me sinto de todas as cores, me sinto vibrante, sinto como se eu não pudesse morrer por dentro, nem por fora... Mas em um momento eu acordo, teus olhos estão distantes dos meus, teus lábios e teu colo pertencem a outra. Eu suspiro e anseio um tanto por toda essa tua essência que poderia me afogar em meio aos meus desejos, tão meus, tão teus.

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