terça-feira, 15 de junho de 2010

Palavras Empoeiradas

                


Sentei ali por horas, num ato narcisista e egoísta, em frente ao espelho, como se eu fosse somente pra mim mesma. Estou me sentindo auto-suficiente e isso nem é da minha personalidade, logo eu que sempre fui carente de atenção, amizade, amores etc. Não tenho vontade de fazer nada, e quando não faço nada, sinto vontade de fazer alguma coisa... Inconstante... Dizem que isso sim é de mim. Mas só eu me conheço o bastante pra dizer, só eu sei o que se passa aqui dentro, por mais que eu diga com as mais claras palavras, não será a mesma coisa que sentir as coisas que eu sinto, não tornará nada mais compreensível.


Analisei com meus próprios olhos, tudo o que as pessoas conseguem ver em mim, só vi as coisas ruins, mas apreciei do mesmo jeito. O olhar mórbido de quem despreza o mundo, as olheiras de quem não dorme nunca, os lábios secos e frios que arranham cada palavra que eu digo, as sobrancelhas apertadas de quem prefere enxergar longe daqui. Meu sorriso nem é de verdade, é tão forçado que já parece natural... Nem sinto que envelheci – digo de aparência mesmo – pareço ter treze anos, as cicatrizes mesmo ficaram por dentro. Tantas vezes procurei fora o que estava dentro de mim. Bem, na verdade... Nem sei o que eu procuro mais, não sei o que acontece quando não encontramos nem fora e nem dentro, o que acontece quando tudo parece desnecessário e óbvio, quando não existe mais força de vontade. Parece até que morri... Parece que morro todos os dias mais uma vez. Fria, seca, cinza... Neutra.

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