domingo, 20 de junho de 2010

Saudade


                
                                             

Eu liguei pra dizer que estava com saudade de ouvir tua voz, já faz tempo que não escuto, nem pelo vento, nem pelo tempo. Queria saber... Quer juntar tua escova de dentes com a minha por alguns dias, ao menos? Ou então quer esperar teu café da manhã na cama, chá da tarde na varanda e assistir filmes ruins comigo? É que já fugi tanto... Mas a verdade é que corri em círculos. Porque pior que fugir de você, é fugir de mim, não existo por completo se você não existe aqui. Só engano a mim, os outros mesmo vêm que um sorriso falso e amarelo não representa nada além do vazio que me faz sentir. É cansativo procurar em outras bocas teu sorriso, em outro colo teu abrigo... Procurar em outros olhos os teus olhares, já não me traz mais nada.
 

Não é que eu não tenha nada pra fazer, mas é que as coisas simplesmente não andam... Por mais que eu as empurre, tudo permanece no lugar e então me sinto fraca, frágil, melancólica, chata e sem graça, por onde eu passo não fica brilho, na cama que eu deito é só vazio e solidão. Às vezes o céu até chora por mim e lava minha alma, às vezes ele se irrita, manda raios, relâmpagos e trovões, mas mesmo que eu peça desculpas por não ter você aqui, ele grita, chora e se irrita mais. Acho que o céu não entende que a culpa não é minha, acho que ele pensa que fazer água bater na minha janela e ventar na minha cortina vai trazer você aqui... Antes fosse fácil assim.
 

Como se já não bastasse, os pássaros lá fora me fazem despertar do único lugar que eu a encontro, eu me irrito com eles, quase os mando sair da sacada. Mas acontece que sem você eu fico tão sozinha que prefiro que continuem me irritando. Não é que isso tudo me deprima, de certa forma me faz bem, o que faz mal mesmo é saber que só irá continuar em palavras. Por isso eu prefiro acreditar que as coisas não são assim, em vão, por isso eu prefiro sentir doer à não sentir nada.
 

Um comentário: