segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vigília










         Um aceno e um sorriso sem graça. Aperto de mãos e dois sorrisos sem graça. Um leve abraço e a pergunta costumeira “tudo bem?”. Beijo no rosto e nada mais. Um abraço apertado, outro beijo no rosto e longas horas de conversa. Um abraço apertado e olhos dentro de olhos... Significado literal: “seja bem-vinda”. Confidências. Piadas falhas. Sorrisos vezes sem graça, vezes encantados. Freqüente dilatação das pupilas em cada brisa nas madeixas, a cada mordida nos lábios, a cada pequeno movimento, como uma droga injetada diretamente no coração fazendo palpitar desequilibradamente, desordenadamente, desnorteadamente. Era o leve toque daquelas mãos nas minhas.
   Músicas calmas e dias chuvosos, vento na janela e cama espaçosa, olhar demais para o céu e o mar... Coisas que detesto amar sozinha e se não tu entendes, não entendes meus textos, temo dizer que não entendes a mim também. Já deveria saber, num intervalo de hoje, amanhã e uma segunda-feira, o tempo passa rápido, mas nas madrugadas solitárias com quatro mil luas brilhando na janela, o tempo pára, as nuvens caem e forram completamente o chão. Num momento de êxtase como esses, a chuva cai ao contrário enquanto piso em falso. Inversão de pólos. Era uma semana numa madrugada só, eram projeções da mente que se lançavam nas quatro paredes do quarto.

2 comentários: