quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cama vasta

Coração tão pequenininho e apertado, quase vira pó, esmaga tanto que dói. Cabeça tão pesada, tão pesada que me deixa pequenininha assim. Corpo tão cansado, cansado assim, que deixa sem força até pra sair da cama. Não há nada mais a fazer, nada mais além de olhar as sombras da cortina no teto do quarto escuro, as coisas estranhas que parecem surgir nos cantos e as brincadeiras que os olhos me pregam.
Posso te mandar um recado e chamar p’ra deitar aqui ao meu lado? Em meio a esses lençóis, almofadas e travesseiros... Fico perdida aqui e tão pequenininha. É... Eu me sinto assim sem você comigo, quero saber até quando, logo eu, tão “forte” e “cheia de si”. O que você faz comigo, menina? Qual é seu encanto? E o que a gente sente é tão grande que mal cabe dentro de mim... Tão pequenininha, parece que vou explodir. Explodir em mil pedaços que parecem um só. É, eu sou assim, você sabe e ninguém mais precisa saber. Mas quando tiver você por perto, serei tão grande... Mas tão grande que o mundo inteiro caberá dentro de mim só pra te dar tudo. Um monte de frase bobinha que talvez não faça muito sentido, um monte de frase bobinha que sai de dentro de mim... Assim, tão pequenininha.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Engasgos

 Quando me olhei no espelho, senti como se fosse outra pessoa ali, por um momento fixei nos meus olhos e eu parecia afundar dentro deles, faltava ar, faltava chão, tive tontura e sensação de que estava sem força nenhuma para continuar sobre meus pés. Não sei quem estava ali do outro lado, mas definitivamente não era eu, pois havia descoberto um ponto fraco do meu precipício e então parecia pisar em cima tão delicadamente que doía sem machucar, entende? E deixava-me presa dentro dos meus próprios olhos.
  Sufoquei. Pensei em pedir ajuda, mas ajuda a quem? Fiquei inerte ali. Se afastasse um pouco da pia e do espelho, simplesmente cairia sem vértebras e em prantos; Acabei afastando e despedaçando então, reguei o único ser vivo perdido no meu precipício, uma flor, a mais linda já vista. Intocável. É, ser vivo! E pensar que tudo morria por lá naquela paisagem cinza, pensar que nunca veria algo assim, pensar que provavelmente se eu a tocar, ela morrerá; Tem sido assim... Desde então tem sido impossível tocá-la, continuo quebrada e a regando com a chuva dos olhos.
  Em meio dessas gigantes desordens e atrasos penso se é aqui que devo continuar. Quero dizer, o que há de útil em um lugar tão morto pra um lírio tão bonito? Uma vez dentro daquele lugar, ou se perdem, ou apenas morrem... Raramente se encontram por lá, raramente vivem por muito tempo; eu, por exemplo, já morri tantas vezes; às vezes sinto que devo tirar essa flor dali, faz tanto o coração doer por inteiro, em pedaços e no meio. Às vezes é preciso morrer e salvar outra vida.

sábado, 7 de agosto de 2010

Com o coração nas alturas...



Depois de tantos silêncios, resolvi voltar a conversar comigo, ainda que mentalmente. Muitas vezes fico assim, recostada em mim, pensamento longe, coração andando devagar e analisando cada cenário que passa em câmera lenta, a vida em preto e branco. E agora tudo toma cor tão derrepente. Não foi difícil nem tenso, foi diferente.


Meu pensamento fervilha. O coração fica a mil. As idéias dão saltos mortais. As emoções giram no sentido horário. Será que vou dar conta? O que fazer quando você tem tudo nas mãos? O que fazer quando seus sonhos viram verdade? Você acha o amor da sua vida, você e ela se juntam, constituem uma família. Nós somos uma família. Uma família. Nós, o Bob, nossos cachorros, nossas historias, nossos sentimentos, não sentimentos, amor. E todas as nossas outras coisas, nossas caixas, nossos restos, nossos começos, meios e finais. Nós e nossas manias, nossos sucessos, nossos fracassos, nossos defeitos que ficam na fronha, nossas qualidades que fazem os olhos ter mais vida. Hoje, aqui, agora, na hora.


Eu sofri. Meu Deus, como eu sofri com amores errados, ilusões, migalhas, coisas que achava que eram e nunca foram, tentativas enlouquecidas de te esquecer, vontades desesperadas. Eu posso dizer para você com todas as letras do alfabeto eu-sofri-muito. Hoje, vejo que sofri me procurando. É porque hoje percebo que a gente só encontra o amor depois de se achar. Ou pelo menos de tentar se encontrar. Eu estava em paz, uma paz boa, uma vontade de ficar comigo, de ser minha amiga, de fazer dar certo essa relação difícil que existe entre nós e nós mesmos, de cuidar bem de mim, de tomar conta da minha vida do jeito certo. Então, ela apareceu. Ela (re)apareceu na minha vida de mansinho. Eu apareci na vida dela devagarzinho. Nós aparecemos na vida uma da outra, sem pedir nada, sem cobrar nada, sem dizer nada. Depois, as palavras. Elas, que me seduzem. Elas, que me envolvem. Elas, que me aproximam. Foram as palavras que me aproximaram dela. E foram elas que me conduziram até o amor da minha vida. Entre uma palavra e outra, uma inquietação. Entre uma inquietação e outra, a curiosidade. Entre uma curiosidade e outra, um medo. Será? Entre um será e outro, um relâmpago chamado coragem. Fui. Ela veio. Nós fomos. Daquele dia em diante, não ficamos um dia sequer sem nos falarmos, seja por telefone, e-mail, mensagem, telepatia. Entre uma conversa e outra, um sentimento. Entre um sentimento e outro, o amor e, com ele, a definição. Sim. Sim. Sins.


O amor é mesmo maluco. Ele vem quando estamos distraídos. Ele chega quando menos precisamos dele para nos mostrar o quanto somos mais felizes junto com alguém. Já vivi situações em que ele podia ter ido embora. Já senti o medo de perder tudo um dia. Já fiquei me perguntando como tudo isso seria. Vi que, independente de tudo e acima de qualquer coisa, o amor é um sentimento que vive em mim, que caminha ao meu lado, que me acompanha aonde quer que eu vá. Não posso me perder dele, tampouco abrir os dedos e deixar que ele se vá. É por isso que eu acho que a gente deve cuidar de quem ama como se fosse a primeira vez. Para amar, tem que ser inteiro. Para amar, a gente dispensa a matemática, por mais que um mais um seja dois. Para amar, o bom português basta. É só abrir o coração e boca e dizer eu te amo.

68,90 pés




A cada passo, um suspiro e um olhar reluzente de encanto; Dedos furando a areia da praia, como quando mamãe fazia bolo e afundava o garfo na massa tão macia; Alguns assuntos sem direção nenhuma, acompanhados de lindos sorrisos nos lábios teus. Seria isso o que chamamos de sonhar acordadas?

– Nossa, o mar está tão cheio... É lindo, mas assusta um pouco.
– Lua cheia!
– Como?
– Lua cheia – repeti – já deveria saber!
– Não faz mistério, diz logo!
– Um novo (re)começo.
– Um novo começo

Interrompi antes que pudesse completar a frase:

– Espera... Estou na minha maré mais alta agora.
– E o que isso quer dizer?

Foi então que a beijei.

domingo, 1 de agosto de 2010

Cadê o orgulho, Luana?



Eu achei que nós chegamos tão perto. Mas agora com certeza eu enxergo, que no fim, eu amei por nós duas.  

Desculpa se esqueci de elogiar seu cabelo, ou te dizer"bom dia, amor",
Desculpa não ter dito que te amo ao partir,
Desculpa se errei ao medir as palavras ou se nem fiz questão,
Desculpa não estar perto quando você precisa,
Desculpa não ser tudo que você sempre quis ou nada do que você esperava,
Desculpa correr atrás por amar tanto,
Desculpa querer melhorar por mais difícil que pareça,
Desculpa não querer desistir assim,
Desculpa mas eu não sei o que eu fiz.

Tem coisas que a gente nem precisa explicar, é só preciso sentir... Não digo sentir de uma forma física - ta, também dessa forma - mas sentir de dentro de você, como borboletas no estômago, como um calor que surge de vai saber onde, um arrepio que dá “sem” motivo. Há tempos que eu não me sentia assim, há tempos que eu não ficava tão bem... Só de ouvir sua voz, mesmo sabendo que amanhã tudo que falou - depois do “bebi demais”- já não signifique mais nada... Daí que dizer que há mal que vem para bem, e eu aceito o sentido literal desse “ditado” ou seja lá o que for. Um presente dado sem motivo aparente, um beijo roubado sem ter hora pra devolver ou devolvido toda hora, roubado e devolvido, assim por diante, um abraço apertado daqueles que a gente nem quer soltar, um carinho que faz não querer acordar, lembranças que não querem se fazer esquecer, sonhos de chamar de nossa, aquilo que chamamos de vida.