Eu estava ali, deitada na cama, de
ponta a ponta com os pés na janela aberta, ouvindo música, olhando o
céu, sozinha. Imaginando tantas coisas e refletindo sobre tantas outras,
sozinha. Eu sempre fui uma pessoa muito sozinha, não por opção, isso
deve ter nascido comigo. Hoje em dia já nem desejo tantos amigos ou
alguém pra sempre estar comigo quando eu estiver precisando\querendo
atenção. Mas eu estava ali, ouvindo aquelas músicas que mergulhavam pele
adentro, até a alma. Lá no fundo tudo que eu conseguia ouvir eram umas
cigarras e minha respiração.
O mundo é tão grande, o
universo é tão maior ainda, olha pra esse céu, dá pra sentir dizer
alguma coisa, coisa que ninguém entende, nem eu. Mas eu estava ali,
escutando sem entender muito bem, sozinha, olhando pra fora da janela
com meus pés desfocados a beira dela. O vento encostava em mim pra
dizer: “Luana, você está sozinha”. Eu não sei o que é isso, mas
eu queria você do meu lado, deitada ali comigo, me abraçando e vendo as
mesmas coisas que eu via naquele momento. Escutando o céu no tom certo.
Eu estava ali, doente, com
moletons cobrindo até o que faltava de mim, sozinha. O pior é que eu
parecia me derrubar em prantos por dentro, mas por fora... Por fora eu
estava um mar de nada. Um mar de nada em contraste com o tudo que aquele
céu queria me dizer. Uma das coisas que o mundo ali fora me dizia, era
pra olhar os prédios e ver como as coisas cresciam, não entendi muito
bem, mas entendi. Enquanto o céu faltava pouco gritar: “Luana, essa hora
da noite, ela não está pensando em você”. Eu não quero saber se está ou
não, tanto faz, isso é outra história, isso não parte de mim, o mundo
inteiro já me faz lembrar e repete o tempo todo: “Luana, você está sozinha”.
Eu estava ali, doente,
sozinha, querendo atenção, sentindo o vento acariciar meu rosto. Olhando
pro céu sem entender nada, só vendo a imensidão. Era noite, as cores
não enganavam... O quarto escuro, a cama branca e vazia me lembrando: “Luana, você está sozinha”.
E com tanto aviso, tanta coisa passando pela minha cabeça, tanta coisa
pra me preocupar, eu ficava lembrando da sua risada gostosa, do seu
sorriso bonito e dos seus braços quando me acolhiam.
à solidão
ResponderExcluir