Viver não é uma palavra,
viver é quase nada. Cepticismo. “Só acredito vendo”, pouca coisa
se vê, muita coisa se sente. Sente-se sem querer, mas ainda querendo.
Mas é assim mesmo, uma pena pra quem carrega um mundo é tão pesada que parece
outro planeta. Cria-se sem querer também, pra fugir talvez, uma dimensão
paralela que ninguém mais seria capaz de ver. É como se por dentro fosse um
quarto escuro com uma cama macia, a vontade é de ficar lá... Ficar lá até tudo
sumir. Perde-se dentro de si.
Palavras, tão poucas
palavras. Tantas formas para emitir informações. Mas o que importa? Palavras,
tão poucas essas, correndo ao canto de cada página, ao canto de cada ouvido.
Hora entram e permanecem, outra hora pouco importam. Importar (im-por-tar):
valer, ser útil ou proveitoso, convir; ser importante; atingir, dizer
respeito, afetar; fazer caso, dar importância, interessar-se por. Pouca
coisa importa quando não se tem nada a perder, excluindo a si mesmo, assim
mesmo. Mesmo, do tipo mesmo-mesmo.
O tempo
passa, tudo passa, eu inclusive. O pesar não, esse permanece, por si e
por outros. Mas isso também não importa. Das poucas coisas, exclui-se
essa também. Num ato de egoísmo profundo, no âmago de seu ser. Sangra
como flor em ponta de arma branca, mas morre e vive outra vez. Viver não
é uma palavra, viver é quase nada, mas entende-se como quer.